quarta-feira, 6 de junho de 2012

A TORRE SINEIRA

A velha Torre Sineira - Séc. XVII

Sobrevivente da vetusta igreja paroquial – demolida para ser construída uma outra mais consentânea com as comodidades dos fiéis – aqui permanece resistente às intempéries da natureza e ao desleixo dos transeuntes.
É uma preciosidade arquitectónica setecentista que quotidianamente, como sentinela do povo e vigilante dos bons costumes, exerce uma dupla funcionalidade: convoca, com toques dos seus velhos sinos, os crentes para os cerimoniais litúrgicos e para as devoções das ave-marias; faz recordar aos moradores da aldeia e até aos das redondezas o ciclo rotineiro e perpétuo das horas, com o seu relógio automático. Esta aparelhagem sonora, quase sempre cumpridora do seu mester, foi a resultante de uma promessa eleitoral. O candidato venceu e o povo, como recompensa, tem gozado o prémio da sua fidelidade.
Quanto aos sinos que dela pendem – com a chancela da terra – ainda são o testemunho vivo de uma tradição que, há um século e tal atrás, era o ex-libris da indústria artesanal. Morreram os progenitores cujo testamento vocacional não deixou seguidores. Dizem certas lendas antigas que o segredo da laboração sineira nunca saiu da arca da memória, depositada no segredo do ancião criador.


                                               Prof. Assis Machado


N. B. Veja, oportunamente, o Site:


https://facebook.com/pages/tertulia-poetica-ao-encontro-de-bocage/129017903900018

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